Após o dia 16 de março de
2016, quando o juiz Sérgio Moro tornou públicas as interceptações telefônicas
realizadas com base na Lei 9.296/96, relativas à 24ª fase da operação “Lava-Jato”
observei um ponto em comum nos vários argumentos “ad hominem” lançados contra o Magistrado da 13 Vara Criminal
Federal de Curitiba, de um Senador da República (José Pimentel do PT-CE) aos
militantes anônimos, todos usaram a expressão “juizinho de primeiro grau” como forma de depreciar o trabalho do
colega.
Pois bem, antecipo aos que
usam essa expressão que, orgulhosamente assumo a posição de “juizinho de
primeiro grau”, os que acham que ofendem um Magistrado assim chamando-o, fiquem
sabendo que, pelo contrário, os “juizinhos” tem orgulho dessa condição, ser
lembrado assim na mais alta esfera legislativa da República não nos ofende.
E não nos ofende pois é o
primeiro grau que os, na opinião do Senador José Pimentel (PT-CE), “juizinhos” exercem a jurisdição de
forma solitária, muitas vezes sem qualquer estrutura, sem segurança adequada,
sem uma “Polícia Legislativa”, sem carros pretos com motorista de terno e
gravata, sem assessorias com salários superiores aos dez mil reais, sem
despesas médicas e odontológicas pagas sem limites, como os Senadores da
República, mas o exercem justamente para o cidadão anônimo que mais tem sede de
Justiça em um país onde essa palavra é manipulada de forma a que os seus reais
destinatários somente a conheçam como conceito abstrato.
Senador José Pimentel, caro
militante anônimo, são “juizinhos de primeiro grau” que todos os dias saem para
trabalhar naquela Comarca do Interior para conceder benefícios previdenciários
negados pelo INSS, para permitir que crianças em situação de risco encontrem
nova família pela adoção, para garantir aos presos, que não podem pagar advogados
que viajam de jatos particulares, seus direitos processuais, são “juizinhos de
primeiro grau” que dão voz aos milhões de Cidadãos.
Querer menosprezar o trabalho
de quem dá voz aos cidadãos por sua posição na estrutura judiciária é dizer que
se o juiz que dá voz ao cidadão é um “juizinho” então aquele mesmo cidadão é,
também, um “cidadãozinho”.
Por isso, Exmo. Senador José
Pimentel, por isso, militantes anônimos, continuem a chamar os juízes de
primeiro grau de “juizinhos”, cada
vez que fizerem essa referência iremos lembrar que somos nós os que defendem os
direitos fundamentais daqueles, para os senhores, “cidadõezinhos”, são os “juizinhos”
que vão fixar alimentos, conceder benefícios previdenciários, garantir a
integridade dos presos, o respeito às vítimas, podemos ser “juizinhos, mas
nossa Justiça é com jota maiúsculo, pois é isenta, imparcial e nossa
investidura é fruto da regra republicana e imparcial do concurso público, sem
conchavos, sem aliados, sem inimigos, somente as provas, o estudo, o mérito.
Senador José Pimentel,
militantes anônimos, a minha toga pode não ter o impacto da de um Ministro do
Supremo, mas a envergo com o orgulho de que, todos os dias, sai de casa para distribuir
Justiça aos cidadãos brasileiros, por mais humildes que sejam, com respeito à constituição
e ao Estado Democrático de Direito, não julgo “cidadõezinhos”, julgo Cidadãos,
altivos, ávidos por seus direitos, ávidos, por algo simples como RESPEITO.
Obrigado Senador José
Pimentel, obrigado militantes anônimos, por me lembrarem do meu lugar no mundo,
sou, orgulhosamente, um “juizinho de primeiro grau”.
Rogerio de Vidal Cunha
Juiz de Direito
4 comentários:
Excelente- sem contar que é simples entender por que um "Juizinho " de Primeiro grau está incomodando aquele que sempre viveu "comandando" com a língua afiada , tendo a seus pés um pobre povo ajoelhado , forçado por várias circunstâncias , a dizer: "Sim senhor ! sim senhor!
O grande erro de Lula, foi nomear oito dos ministros do Supremo e se esquecer do Juizinho de 1° instancia!!!!!!!!!!
Não se preocupe Prof.Doutor Rogerio Cunha, sou Cearense com muito orgulho, mas não tenho nenhum orgulho deste Senadorzinho do Ceará.
Digo mais este Senadorzinho e a grande maioria dos que fazem Poder Legislativo e Executivo
da nossa República não são dignos de exercerem os cargos que ocupam nem de criticarem a
J U S T I Ç A B R A S I L E I R A.
Parabéns, Juizinhos de Primeiro Grau!
O país de orgulha dos senhores!
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