quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sobre o Utilitarismo: Pescadores encontram 21 corpos de bebês em rio na China( Revista Época)


Pescadores chineses encontraram 21 corpos de bebês em um rio, na cidade de Jining, na província de Shandong, no leste do país. Acredita-se que os cadáveres tenham sido jogados ali por hospitais. De acordo com o site China Daily, oito dos corpos possuíam etiquetas identificadoras dessas entidades. Segundo o site britânico Time, três bebês tinham tornozeleiras de identificação indicando que estiveram em estado grave na emergência do hospital universitário de Jining e cinco apresentavam as etiquetas de atendimento do mesmo hospital.

Um pescador afirmou à TV local que percebeu que algo havia sido jogado contra a margem do rio perto de uma ponte. Inicialmente, os pescadores pensaram que eram bonecos de plástico. Ao chegarem mais perto, descobriram que eram corpos. “Não podia acreditar que eram de verdade, mas eram. E quanto mais andava por ali, via mais e mais”, disse outro homem.

Alguns corpos estavam juntos em sacos plásticos amarelos, com a inscrição “lixo hospitalar”. Ainda não foram divulgados os sexos dos bebês.

As autoridades iniciaram uma investigação e a equipe médica que pode estar envolvida no caso foi suspensa. Segundo a imprensa local, os corpos podem ter sido descartados por hospitais após abortos e partos induzidos.


Liuca Yonaha
(Foto: AP Photo/IQILU.COM via APTN)

do Blog:  
A questão do utilitarismo, por incrível que pareça é sempre atual, aliás, nem poderia deixar de ser já que Jeremy Bentham (15 de fevereiro de 1748 – 6 de junho de 1832) apesar de morto, ainda comparece nas sessões do Conselho da University College( Londres) , através de sua cabeça munificada, constando da ata, "presente, mas sem voto".

Mas o que é o utilitarismo, e o que ele tem haver com 21 corpos de bebês encontrados em um rio? É que Bentham , com seu utilitarismo vai afirmar que o mais alto princípio de moral, seja política, seja pessoal ou política é maximizar o bem estar geral, ou felicidade coletiva, com a prevalência do prazer sobre a dor. maximizar a utilidade, ou seja, o bem maior para a maioria. É o utilitarismo que fundamenta a análise de custo X benefício que, supostamente legitima a conduta de jogar fora , como sendo "lixo hospitalar" 21 fetos humanos, já que o custo é maior que o benefício do despojamento digno dos restos, mas é a mesma lógica que vai legitimar bombardear duas cidades e matar centenas de milhares de pessoas.

Longe de demonizar Benthan, pois ele por outro lado, defendeu a melhoria das condições sociais dos “pobres trabalhadores”, o progresso econômico, a
reforma social e a democracia.

Mas por que do Utilitarismo agora? É que ontem assisti uma palestra no 1o Fórum Universitário de Bagé, com o,1o Vice-Presidente da FARSUL, Gedeão Silveira Pereira , onde ouvi os mesmos argumentos de sempre sobre a reforma agrária e o Governo, basicamente: a) que a reforma agrária no Brasil não funciona; b) que os assentados não produzem, c) que quem produz nesse país é o campo, d) que já se gastou 70 bilhões de reais em reforma agrária; e) que as questões ambientais, em especial a Reserva Legal vão causar a fome e a destruição da agricultura, etc..

No fundo, o que ouvi foi uma grande análise de custo-benefício, típica de um utilitarismo superado, onde se simplifica as questões em mera análise monetária, como se fosse possível colocar um preço dos valores fundamentais como , vida, liberdade, dignidade, direito ao trabalho.

Mesmo que mudemos para John Stuar Mill, que buscou humanizar o utilitarismo com a inclusão na fórmula "o bem maior para a maioria" com elementos limitadores como os direitos fundamentais e a diferença entre prazeres superiores e mundanos ,  não podemos deixar de considerar essa lógica da prevalência da utilidade para a maioria ainda prevalece, posto que Mill nunca abandonou a lógica de que "aquilo que é desejável é aquilo que as pessoas desejam", tanto que afirmou que "É melhor ser um homem insatisfeito do que um porco satisfeito; é melhor ser um Sócrates insatisfeito do que um louco satisfeito. O louco e o porco podem considerar o contrário, mas eles apenas podem ver a questão pela sua perspectiva. " ( o louco faz referência muito mais ao conceito de tolo, do que de pessoa portadora de doença mental)

Ou seja, quem tem terra é quem sabe o que é bom para a terra? O Estado não sabe, a sociedade civil não sabe. É esse o argumento? Então fomos reduzidos à porcos , à loucos(tolos) que só temos opinião sobre o que vivemos?

São essas lógicas que fundamentam  o pensamento utilitarista, de oferecer o  melhor para a maioria, que , no fim do dia, é o mesmo que joga fetos de crianças ao rio.

Bom feriado a todos!

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