Brasil com “z”
5 de abril de 2010 | Categorias: 1
Não há espaço mais talhado para ser premiado por dizer bobagens a torto e a direito do que o Big Brother.
É verdade que há espaços de televisão onde se dizem bobagens a torto e a direito, porém sem premiações milionárias por isso.
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É preciso se entender o Big Brother como um programa de audiência massiva, de abrangente e profunda penetração popular, isto é, entre as camadas menos cultas da população.
Os critérios de seleção dos candidatos à participação no programa não levam em conta os atributos intelectuais e culturais, fixando-se basicamente na beleza física dos candidatos, o que atrai o interesse do público, como se fosse uma novela.
Se se fosse tornar o Big Brother uma competição cultural e intelectual entre os participantes, o programa se tornaria esfericamente chato para o grande público, haja vista a pequena audiência dos programas culturalmente mais avançados.
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Daí que um participante do último Big Brother afirmou taxativamente que Brasil se escreve com “z” e outro se referiu a “chuva de granito”.
Foram recebidas 150 milhões de ligações no último Big Brother. Se fossem cultos os participantes, não passariam de 1 milhão.
O Big Brother é um retrato cabal do nível cultural do povo brasileiro.
E televisão tem de ser feita para o povo. Daí não serem devidas as críticas à mediocrização do nível de “debates” entre os participantes.
Por isso é que pessoas cultas têm vergonha de dizer que assistem ao Big Brother.
Mas o povão assiste.
Fonte: Blog do Paulo SantAna
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Do Blog: Confesso que assisto o BBB, e acho que essa história de que o programa imbeciliza o povo brasileiro é bobagem, para mim imbecilizar um povo é acreditar que o povo é um mero marionete que não pensa, não raciocina sendo levado como um camarão pelas marés da intelectualidade.
É esse mesmo pensamento que confunde educação formal e inteligência e faz com que ainda se conte piadas de mau gosto sobre a baixa escolaridade do Presidente Lula, como se isso o tivesse impedido de ser líder de uma das maiores democracias do mundo. E alguém acha que se chega a presidência de uma país do tamanho do Brasil sendo burro?
O povo sabe muito bem o que faz, e sabe do que gosta, o problema está na intelectualidade que para tentar se humanizar insiste, como John Stuart Mill, em dividir os prazeres em superiores e mundanos.
No fundo Mill é tão utilitarista quanto Benthan, no fundo o que importa é o prazer(felicidade), mas se dá um to que mais “humano” à dureza do utilitarismo puro de Benthan quando fala em prazeres superiores e mundanos.
Para a intelectualidade do Brasil, o BBB é um prazer mundano, das classes mais baixas, como diz o Santana do “povão”, que não tem argumento para discutir. No fundo é uma declaração de superioridade, de prepotência que marca a nossa intelectualidade, que é sim utilitarista, pois, o que diz o articulista, que não é voz isolada no Brasil, , afirma que, no fundo “"É melhor ser um homem insatisfeito do que um porco satisfeito; é melhor ser um Sócrates insatisfeito do que um louco satisfeito. O louco e o porco podem considerar o contrário, mas eles apenas podem ver a questão pela sua perspectiva. "
Ou seja, partimos da premissa de que o povo assiste ao BBB pois não sabe que existe Shakespeare, que existe Mozart, que ao invés de assistir TV podem apreciar uma obra de Picasso. Mas será mesmo que o “povão” não sabe disso, ou são esses mesmos os prazeres superiores? Ou como diz Mill “Se me perguntarem o que quero dizer com diferença de qualidade nos prazeres, ou o que torna um prazer mais valioso que outro, apenas enquanto prazer, exceptuando o ser em maior quantidade, há apenas uma resposta possível. De dois prazeres, se houver um ao qual todos ou quase todos os que tiveram uma experiência determinada, à margem de qualquer sentimento de obrigação moral para o preferirem, esse é o prazer mais desejável". ( John Stuart Mill, Utilitarismo, Gradiva, Lisboa, pags. 52-53;)
Aliás, não é por menos que uma das pessoas mais detestadas pelo público nesta edição foi justamente a que ostentava a maior titulação acadêmica ( Doutora) que passou todos os seus momentos no programa com o velho “argumento de autoridade”.
Então fica aqui a minha pública confissão, eu leio o Bardo, eu leio os clássicos da filosofia mundial, e sim, eu assisto e voto no BBB.
Abraços
Um comentário:
Muito bom teu texto. o BBB é uma decepção hahaha o retrato povo Brasileiro é uma tristeza srrs... dificilmente não cai no gosto do povo um idiota, que nem é tão idiota assim as vezes mas que faz questão de parecer srrs. Fico me questionando como um cara machista como o Dourado foi o escolhido para ganhar?vivemos em um lugar onde é bonito ser machista?.. será que nunca nos desvincularemos desses pré conceitos, aceitos e agora premiado? vou indo nessa... abraço =*
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